Monday, July 18, 2005
pintar o escritório, pelo que me pavoneava despudoradamente com um ar algo híbrido de imigrante ilegal com americana paranóica em exercício nuclear em plena Guerra Fria (se bem que a máscara sempre me disfarçava o nariz);
assistir ao Campeonato Europa Divisão C de Basquetebol em Cadeiras de Rodas (a Grécia ficou em 3º lugar e Portugal alcançou um histórico 5º lugar) e acabar na borga com os Croatas (2º lugar) e os Gregos;
apanhar uma alergia com o nome ultra-chique de "pitiríase rosa" (rosa, essa cor tão na palette da Primavera-Verão 2005) e com isso ganhar acesso ao "Twilight Zone" que é o espaço de Urgências dos nossos amados hospitais e uufruir do sempre renovado choque que é puxar da senhazinha, porque por muito mau que o imaginemos, NUNCA conseguimos acertar na previsão numérica correcta que separa o deprimente algarismo desse pedacito ranhoso de folha, da nossa vez;
preparo-me para me fazer o óbvio no rico dia de amanhã: drogar-me e deixar que alguém que se licenciou em esquartejamento de pernas chafurde nas veias de um dos meus tão popularmente longos apêndices motores e tente a sua sorte.
Sim, meninos, porque esta torre ambulante de humor corrosivo, este colosso de mulher que é a vossa rabugenta diva grega aterrou neste mundo com uma chatice de velhos muito pouco própria de divas chamada má circulação. Sim, meus caros, vão-me sacar uma variz. Uma sacana duma variz, mesmo. Não há direito.
Aguardam-me 10 dias de repouso total - uhuhuh, sim, sim, claro, claro - em casa, pelo se aceitam mensagens de amor (mas isso comedido, rapaziada, que já fui fisgada por um emigrante calado-mas-não-tanto-assim e não tou para chatices, ai a coisa, conformem-se, já disse) e manifestações de solidariedade (vale tudo, menos auto-mutilação), no que aproveito para largar as seguintes singelas sugestões:
Mensagens de texto via telemóvel; Telefonemas; A oferta de ecran de plasma gigante com DVD; Aparecerem no ghetto chique em que vou hibernar com um dos ou todos os seguintes bens alimentares: brigadeiros de chocolate, gelado de morango caseiro, tarte de limão merengada, lasagna vegetariana, robalo grelhado com batatinhas assadas e molho de manteiga e alho, caipirinha.
Com estas pequenas insinuações me despeço, certa de que a imagem desoladora da Grega numa bata tinhosa de hospital (aquelas tretas nunca atam como deve ser atrás e quando não expomos, em vitupério absoluto, o rabo aos corredores da Cirurgia, no mínino sofremos com a corrente de ar nessa zona tão sensível e querida. Rabos frios não apetece a ninguém, caramba.) vos impelirá aos corredores do supermercado mais próximo.
Até lá, farewell. Beam me up, Scottie.
Monday, July 11, 2005
Aaaaaaaaaaahhhhhhhh, sexta-feira, clímax cronológico da semana proletária,
sexta-feira, musa de inumeráveis canções e filmes,
sexta-feira, essa palavra que se espreguiça, lascivamente, entre a língua o céu da boca
sexta-feira, o único nome próprio digno de acompanhar Robinson Crusoé no isolamento de uma ilha localizada algures no rabo do discípulo traidor (o chamado "cu de Judas", para os que não lêem a Bíblia e nem sabem quem foi o discípulo traidor - tss tss),
sexta-feira, esse vislumbre comovente da linha de meta,
sexta-feira, sexta-feira,sexta-feira. Oooooooooooooooooh, sexta-feira.
Abranda o ritmo cardíaco, o sangue flui mais regular nas veias, o cérebro (esta caganita do tamanho de um tubérculo que para aqui lateja de vez em quando) refreia os sinais eléctricos que o fazem funcionar e encostamo-nos à ideia de um fim-de-semana que provavelmente será passado num ápice e com a emoção de uma aula de Introdução à Contabilidade, mas que por ora - agora - é uma doce e inebriante promessa de liberdade. Oh, sim. Sexta-feira.